sexta-feira, 13 de maio de 2011

Madalena


Lá vai a Madalena
Sempre tão comum, sempre tão covarde, sempre tão machucada,
Vai para mais uma noite de trabalho.
Já não vende mais seu coração,
Tão pisado e machucado,
Perdeu-se no caminho.
Vai vender seu corpo
E a sobriedade que lhe resta
Da noite passada.

Madalena de corpo
Madalena de alma
Madalena de profissão
Madalena, Madalena
Suaste tanto teu corpo
E isso lhe trouxe reconforto?

Saudades eu sinto
Do tempo em que era apenas Madá.
Você já caia pelas ruas
Mas ainda levava nos olhos
O doce brilho dos teus céus azuis.
E que não tinhas na boca
O escroto gosto de teus outros amantes.

Madalena
Teu corpo já não fede a rosas e beijos,
Mas sim a cuspe, sangue e suor.
Mas não são os gozos dos teus amantes que mais lhe incomoda?

Madalena
O teu filho não te pergunta
Sobre o pai?
E o corrupto senador,
Pergunta do filho?

Teu corpo branco
Onde muitas vezes deixei meus lábios
Hoje sei, coberto de hematomas
Trará consigo o fedor sórdido dos sádicos.

Madalena beija
Madalena pega
Madalena abraça
Madalena chupa
Madalena se abre
Madalena se aparta
Madalena, formosa dama
Teus talentos
Saem afora da cama?

Lá esta a Madalena
Caída na sarjeta.
Perdida na sujeira
Que os outros fizeram.
Lá esta a Madalena
Tentando se embriagar um pouco
Do gozo
Que os outros tiveram.

Bandidos, corruptores, pedófilos, assaltantes, trombadinhas, traficantes, piratas, mercenários, assaltantes, viciados, nazistas, fascistas, assassinos, facínoras, burgueses, desertores, ladrões, bêbados, presidentes e senadores.
Filhas da puta em geral,
Todos eles merecem perdão
Mas só a pobre Madalena,
Só ela é que não.

Lá esta a Madalena
Na rua das impuras,
Ela há muito chorando
E ele se transformando em um centauro
Ele rindo
E ela se abrindo por poucos centavos.

Lá esta a Madalena
Na noite não tão serena
Voltou a brilhar sua estrela
Madalena de corpo
Madalena de alma
Madalena de profissão
Madalena, Madalena
Suaste tanto teu corpo
E isso lhe trouxe reconforto?

Lá esta a madalena
Na noite não tão serena
Voltou a brilhar sua estrela
Deitada no chão da calçada
Tragada e mastigada,
Coberta de sangue,
Mais que o habitual.
Sua pele voltou
A ser alva,
Exceto pelos lugares onde jazia sangue.

Deitada, desacordada,
Trazia na pele, os restos da noitada.
Malfadada noite, em que fora contratada.
Os punhos fechados,
As unhas sujas de sangue,
Cuspindo sangue
Os hematomas á vista.
O pescoço de uma malabarista
Enforcado como o de um suicida.

Lá se foi a Madalena
Não houve velório, nem novena.
Mas em teus olhos, tua estrela.
Há tempos não brilhava tanto.

                                                         Diego dos Santos Timbó 

Hey coleguinhas, vocês acabaram de ler a obra Ultrarromântica de Diego, para a aula de SIC... e como toooodomundo curtiu ta ae pra vcs ..
Créditos ao dieguinho bolado!

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