Nossa ilustríssima entrevistadora Bianca Thondorf conseguiu com exclusividade para o Compreiumpatinho.com uma entrevista com um dos maiores ícones da ETEC Júlio de Mesquita: Angelina!
Acompanhe:
Primeiro eu acho que a arte de ensinar é nata da pessoa. Então você tem que ter amor, gostar daquilo que faz e ter paciência com o jovem... principalmente quem tem mais idade. Se você não tiver paciência com o jovem, você está fora do processo.
- Se não fosse professora, seria...
Médica.
- Tem gosto pela medicina ou é algo de família?
É algo que já nasceu comigo.
- Há algum acontecimento que a marcou em sua carreira como professora?
Sim, é... Todos os dias que você vai para uma sala de aula há vários acontecimentos que marcam a sua vida. Então, eu posso falar assim... por hoje. O ontem passou, então eu sempre me identifico com o presente. Porque a cada dia você aprende algo com os jovens, e você passa também para eles o seu conhecimento. Então o que me marca na vida é quando eu tenho o feedback daquilo que eu ensino.
- Quando esteve em nosso lugar e teve de decidir a profissão a seguir, o que a motivou a escolher o mundo das letras?
O gosto pela literatura e pela história.
- Você sempre gostou professora?
Muito!
- Que dica ou conselho nos dá em relação a escolha de nossas profissões nessa fase tão importante de nossas vidas?
Que vocês façam testes vocacionais, pra ver se realmente a profissão escolhida por vocês é aquela que vocês seguirão. E se você ficar na dúvida, desista, que nunca é tarde! Mesmo que você opte (por exemplo) por medicina... Aí você chega lá e fala assim “Não é isso que eu quero!”. Eu adoro o jovem que desiste... Por quê? Porque tem a chance de ser feliz também. Agora, o pior é quando você é obrigado a seguir um caminho que você, automaticamente, não tem aptidão.
- Na sua carreira, já houve algum aluno que a marcou de alguma forma?
Há vários, né... Por exemplo, aqui na ETEC, os 3ºs que se formaram no ano de 2010 marcaram-me muito, porque eu os levei desde o 1º ano. Então dei aula para eles no 1º, 2º e 3º anos. Então foi algo que me marcou muito e a maioria deles fica no teu coração. Há uma reciprocidade que eles têm por mim também... “Ô professora, você fez a diferença em nossas vidas, nós nunca vamos te esquecer...” É gratificante.
- Como é trabalhar em uma escola como a Júlio de Mesquita?
Na minha opinião, é você trabalhar meio que no paraíso. Por quê? Porque você tem o feedback dos alunos. Eu não vou só citar os alunos da Júlio de Mesquita, vou citar também os alunos das outras ETECs embora eu não dê aula nessas outras ETECs. Em todas as ETECs, o alunado presta um vestibulinho. Então, ele quer esse lugar; ele quer entrar na sala para aprender alguma coisa. E eu acho que nós... ou melhor, eu, professora, tenho o mesmo patamar dos alunos no sentido social. Então a gente pode ainda acreditar que a educação existe, quando nós temos o feedback dos alunos.
- Aprendemos isso na pele como todos os alunos que passam por sua sala, mas gostaríamos que comentasse um pouco aos leitores de nosso blog a importância de se ler a obra.
Eu acho que clássicos, de uma maneira geral, perpetuam na espécie. Então toda a pessoa que lê, não só as obras que vimos e que o vestibular pede, o vocabulário; o repertório do vocabulário; o conhecimento dela, também será ampliado. Por quê? Se vocês pegarem, por exemplo, as duas obras que estão na lista dos vestibulares e vocês já leram comigo, (referência às obras Iracema e Memórias de um Sargento de Milícias) vocês vão perceber que existe uma teoria de que “o homem nasce bom, a sociedade o corrompe.” Se você não tiver um conhecimento, eu acho que você entra com uma bagagem vazia e sai com ela vazia. No que você tem um conhecimento, você entra com uma bagagem mais ou menos vazia e sai com ela cheia.
- “Festa do caqui”, “comer sorvete pela testa”, “quando a água bate na bunda já sei que vou me afogar” e “bibelô da cocada preta” são exemplos de bordões que nos divertem e nos intrigam, adicionando dinamismo à aula. Gostaríamos que comentasse um pouco a utilização de tais expressões.
(Risos) As vezes você percebe que a classe está apálica. Então você tem que buscar alguma bobagem que faz com que a classe ria, com que a classe vá lembrar da Angelina. Então em algum momento da aula: “Ó, você pensa que é o que? O rei da cocada preta; bibelô da cocada preta? Então acorda pra estudar”, ou então o cara vem dormindo e fica ali, alienado. Então você tem que trazê-lo, e tem que usar alguma maneira, e essa maneira não é que é minha, você tem aquilo do momento.
- Qual a sensação de poder dar um MB ou um I a um aluno?
Eu não gosto de dar I. Sou muito sincera. Eu acho que se eu dei I para aquele aluno é porque eu não consegui colocar nada na cabeça dele. Agora, quando eu dou um MB, eu me realizo, porque a cobrança veio e fez efeito na cabeça dele.
- Qual foi a melhor fase de sua vida?
Quando eu fui mãe. Foi a melhor fase da minha vida!
- E o melhor dia também, quando viu sua filha?
Eu acho assim, por exemplo, quando você é mãe, você o nascimento... porque antes de eu ter minha filha eu perdi duas crianças... uma com seis pra sete meses de gravidez, e a outra depois de um tempo de gravidez. Então eu acho que é a realização como mulher. Eu já era realizada profissionalmente com pouca idade, porque além de ser professora, eu trabalhava com meu pai e o ajudava, mas ainda não estava realizada como mulher. Profissionalmente, tudo o que a gente corre atrás a gente consegue, então a minha realização foi ser mãe.
- Olhando o presente, há alguma escolha de que se arrependa?
De nada eu me arrependo. Porque tudo aquilo o que você fez – você fez uma pergunta boa - Se você fez, você não deixou de fazer nada em sua vida. Então não tenho arrependimento por nada. Eu tenho arrependimento daquilo que eu não fiz. Então, por exemplo, eu poderia ter sido mais ousada; mais irreverente, como eu vejo os jovens hoje em dia. Então faltou isso, eu não fui irreverente nem mais ousada porque a própria época da minha juventude não me permitia. Eu vejo a irreverência dos jovens hoje em dia e falo assim “eu acho que queria ter nascido nessa época”.
- Bate bola; jogo rápido:
Um grupo musical, cantor ou banda.
Chico Buarque de Holanda.
Um filme.
“Um Estranho no Ninho”, muito antigo.
A obra que mais lhe chama atenção na literatura.
“Dom Casmurro”
Seu autor preferido.
Machado de Assis.
Seu passatempo preferido.
Leitura.
Sinônimo de “amizade”.
O coleguismo.
Sinônimo de “felicidade”.
Estar em dia com as minhas obrigações.
Algo ou alguém que merece um I, sem conversa.
A política.
Uma pessoa que merece um MB em sua vida.
Meu marido.
- Professora, fala sério... O melhor segundo ano da escola é o 2º A né? (risos)
(Risos) É o melhor mesmo, vocês são lindos.
- Alguma frase, dito ou comentário final?
- Alguma frase, dito ou comentário final?
Saibam que esta entrevista foi de coração, e sincera.
Milhões de agradecimentos a professora Angelina! Professora, lembre-se sempre: YOOOOOU! THE BEST!
Créditos (organização e elaboração):
Bianca Thondorf
Caíque R. Baldassarini
Nathalia F. Peres
Bianca Thondorf
Caíque R. Baldassarini
Nathalia F. Peres
Os 3ºs que se formaram no ano de 2010 marcaram-me muito, porque eu os levei desde o 1º ano. Então dei aula para eles no 1º, 2º e 3º anos. Então foi algo que me marcou muito e a maioria deles fica no teu coração.Aii Angelina você é a melhor mesmo *-*
ResponderExcluirAngelina linda s2 Saudades enoormes da JM! *-* Logico que o 2ºA é o melhor. Todos os 2ºA's são THE BEEEEST. hahaha! 3ºA 2010! \o/
ResponderExcluir